Etapa 29 (27/05/12) - dia de concentração para a grande chegada em Santiago de Compostela.
Neste dia, sai sem me alimentar bem, somente uma maçã pequena. Estava na companhia do Alexandre (BH) e não demorou logo, cerca de 4 Km adiante, passamos pelo povoado de Calzada e encontramos o Almir(DF) e o Arilton(SC), bem em frente a um bar. Era tudo o que queríamos... um farto café da manhã com ovos, tostadas, bacon, pão e chocolate quente.
Na saída deparei-me com um jovem peregrino que tive um único contato a cerca de 8 ou 9 etapas atrás. Tratava-se do Abi, de nacionalidade Iraniana, e que estava momentaneamente residindo em Madrid, terminando intercâmbio cultural. Foi uma alegria e tanto revê-lo... andamos por alguns minutos e ele com uma passada firme e mais apressada seguiu seu caminho...
O tempo começou a esfriar e preparei o poncho, pendurado-o fora da mochila, caso a chuva desse o ar da graça já estava perto das mãos...
Olha o medo que este peregrino estava do cavalo sô? passaram-se 5 minutos pra tirar esta foto! rsrsrsrsrs
De passagem por Salceda, outro povoado bem simples e que margeia a carretera.
Marcante esse monumento dedicado a Guillermo Watt (69 anos), peregrino suiço falecido quando fazia o Caminho no ano de 1993, a somente 27 Km de Santiago, ou seja, a somente uma etapa do final. Parei por instante, fiz uma oração e segui meu caminho...
Próximo ao Alto de Santa Irene uma linda e densa floresta de eucaliptos... e a chuva não dava trégua!
Atenção senhores peregrinos para esta dica importante: Na entrada da localidade de Arca do Pino, a 1,5 Km antes de chegar a Pedrouzo, existe no próprio caminho um posto de informação turística, que é mantido pela Associación de Empresarios de Hosteleria de Santiago de Compostela. Trata-se de uma casa de pedra. Neste posto, fiz a reserva da pensão onde fiquei em Santiago por 4 dias. Uma facilidade muito grande, fui excelentemente bem atendido pelo funcionário local, o qual ofereceu todas as opções de acomodações em Santiago.
Em Pedrouzo paramos no Café Bar Mira´s, para um rápido descanso e alongamento. Aproveitei para tirar as botas e trocar as meias, estavam muito úmidas devido ao suor dos pés. Na saída encontramos a peregrina Ivete, da República Dominicana, que fazia o caminho por etapas. Ficamos por uns quinze minutos conversando, e ela, muito comunicativa e num português impecável, falou que residia próximo a Santiago e trabalhava numa peluqueria (salão de beleza).
Esta etapa foi de muita chuva fina, mas o que marcou foram os bosques... Maravilha!
Engraçado, antes de vir para o Caminho imaginava que seria repleto de paisagens como da foto abaixo... e não foi diferente, ocorreram inúmeras paisagens como esta... mas quando passei por aqui tive a nítida impressão de já conhecer este local...um déjà-vu ou coisas do Caminho? hehehehe
Um dos bonitos marcos do Caminho!
Passamos por trás da pista de pouso do aeroporto de Santiago... já chegamos? não... explico: o aeroporto de Santiago de Compostela fica localizado no povoado de Lavacolla, distante 10 Km do centro de Santiago... este seria o nosso último local de pernoite antes da grande chegada.
Um avião passou por cima de mim naquele exato instante... momento de provação de um dos meus medos, não o de voar, mas o de passar por baixo de aviões... hehehehehe
Chegando em Lavacolla, povoado pequeno, com pouco mais de 180 habitantes e sem estrutura de albergue para peregrinos.
Parecia uma cidade abandonada, difícil ver algum morador nas ruas!
Mas porque escolhemos pernoitar em Lavacolla a 10 Km de Santiago? Simplesmente pelo fato de que o Monte do Gozo, local que a maioria dos peregrinos escolhe, fica na região metropolitana de Santiago, muito próximo(4km). Seria como levantar da cama e após alguns minutos chegar ao destino final. Achamos que não teria o gostinho de caminhar e vivenciar a rotina do peregrino sentida durante os outros 29 dias de caminhada... para o que queríamos foi a decisão mais acertada!
Pernoitamos no Hostal San Paio, o qual possui boas instalações físicas e um ótimo restaurante. Era um dia de domingo e muitas famílias de Santiago estavam almoçando no local.
No início da noite jantei um delicioso bacalhau, na companhia do João(DF), Sandra(DF), Alexandre(BH) e de um peregrino suíço.
Com o suíço, Grauffel Jean-michel |
Por volta das 21:30h, fui dar uma volta na pracinha que fica em frente ao hostal. Turbilhão de pensamentos e indagações começaram a surgir: como seria a catedral de Santiago de Compostela? e a chegada?
Surgiram também, respostas àquelas indagações iniciais de minha caminhada, principalmente relativas às razões que me levaram a fazer o Caminho. Sensação boa demais! Fui dormir feliz, fazendo o retrospecto das emoções vividas durante os dias no Caminho...