sábado, 24 de agosto de 2013

Arzúa a Lavacolla (29,3 Km)

Etapa 29 (27/05/12) - dia de concentração para a grande chegada em Santiago de Compostela.
A cada amanhecer um sorriso no rosto... marca constante durante os 30 dias de caminhada!

Neste dia, sai sem me alimentar bem, somente uma maçã pequena. Estava na companhia do Alexandre (BH) e não demorou logo, cerca de 4 Km adiante, passamos pelo povoado de Calzada e encontramos o Almir(DF) e o Arilton(SC), bem em frente a um bar. Era tudo o que queríamos... um farto café da manhã com ovos, tostadas, bacon, pão e chocolate quente.
Na saída deparei-me com um jovem peregrino que tive um único contato a cerca de 8 ou 9 etapas atrás. Tratava-se do Abi, de nacionalidade Iraniana, e que estava momentaneamente residindo em Madrid, terminando intercâmbio cultural. Foi uma alegria e tanto revê-lo... andamos por alguns minutos e ele com uma passada firme e mais apressada seguiu seu caminho...
O tempo começou a esfriar e preparei o poncho, pendurado-o fora da mochila, caso a chuva desse o ar da graça já estava perto das mãos...


Olha o medo que este peregrino estava do cavalo ? passaram-se 5 minutos pra tirar esta foto! rsrsrsrsrs
De passagem por Salceda, outro povoado bem simples e que margeia a carretera.

Marcante esse monumento dedicado a Guillermo Watt (69 anos), peregrino suiço falecido quando fazia o Caminho no ano de 1993, a somente 27 Km de Santiago, ou seja, a somente uma etapa do final. Parei por instante, fiz uma oração e segui meu caminho...


Próximo ao Alto de Santa Irene uma linda e densa floresta de eucaliptos... e a chuva não dava trégua!
Atenção senhores peregrinos para esta dica importante: Na entrada da localidade de Arca do Pino, a 1,5 Km antes de chegar a Pedrouzo, existe no próprio caminho um posto de informação turística, que é mantido pela Associación de Empresarios de Hosteleria de Santiago de Compostela. Trata-se de uma casa de pedra. Neste posto, fiz a reserva da pensão onde fiquei em Santiago por 4 dias. Uma facilidade muito grande, fui excelentemente bem atendido pelo funcionário local, o qual ofereceu todas as opções de acomodações em Santiago
Em Pedrouzo paramos no Café Bar Mira´s, para um rápido descanso e alongamento. Aproveitei para tirar as botas e trocar as meias, estavam muito úmidas devido ao suor dos pés. Na saída encontramos a peregrina Ivete, da República Dominicana, que fazia o caminho por etapas. Ficamos por uns quinze minutos conversando, e ela, muito comunicativa e num português impecável, falou que residia próximo a Santiago e trabalhava numa peluqueria (salão de beleza). 
Esta etapa foi de muita chuva fina, mas o que marcou foram os bosques... Maravilha!
Engraçado, antes de vir para o Caminho imaginava que seria repleto de paisagens como da foto abaixo... e não foi diferente, ocorreram inúmeras paisagens como esta... mas quando passei por aqui tive a nítida impressão de já conhecer este local...um déjà-vu ou coisas do Caminho? hehehehe
Um dos bonitos marcos do Caminho!
Passamos por trás da pista de pouso do aeroporto de Santiago... já chegamos? não... explico: o aeroporto de Santiago de Compostela fica localizado no povoado de Lavacolla, distante 10 Km do centro de Santiago... este seria o nosso último local de pernoite antes da grande chegada.
Um avião passou por cima de mim naquele exato instante... momento de provação de um dos meus medos, não o de voar, mas o de passar por baixo de aviões... hehehehehe
Chegando em Lavacolla, povoado pequeno, com pouco mais de 180 habitantes e sem estrutura de albergue para peregrinos.
Parecia uma cidade abandonada, difícil ver algum morador nas ruas!
Mas porque escolhemos pernoitar em Lavacolla a 10 Km de Santiago? Simplesmente pelo fato de que o Monte do Gozo, local que a maioria dos peregrinos escolhe, fica na região metropolitana de Santiago, muito próximo(4km). Seria como levantar da cama e após alguns minutos chegar ao destino final. Achamos que não teria o gostinho de caminhar e vivenciar a rotina do peregrino sentida durante os outros 29 dias de caminhada... para o que queríamos foi a decisão mais acertada!
Pernoitamos no Hostal San Paio, o qual possui boas instalações físicas e um ótimo restaurante. Era um dia de domingo e muitas famílias de Santiago estavam almoçando no local. 
No início da noite jantei um delicioso bacalhau, na companhia do João(DF), Sandra(DF), Alexandre(BH) e de um peregrino suíço. 

Com o suíço, Grauffel Jean-michel
Por volta das 21:30h, fui dar uma volta na pracinha que fica em frente ao hostal. Turbilhão de pensamentos e indagações começaram a surgir: como seria a catedral de Santiago de Compostela? e a chegada? 
Surgiram também, respostas àquelas indagações iniciais de minha caminhada, principalmente relativas às razões que me levaram a fazer o Caminho. Sensação boa demais! Fui dormir feliz, fazendo o retrospecto das emoções vividas durante os dias no Caminho... 

sábado, 3 de agosto de 2013

Palas de Rei a Arzúa (28,6 Km)

Etapa 28 (26/05/12) - dia de se deliciar com o tradicional pulpo de Melide e de encontro com amigos brasileiros.
Nada melhor do que começar o dia indo ao encontro da natureza...
Na parede de uma casa no povoado de Casanova, achei bastante criativo o painel feito com 4 azulejos caracterizando um peregrino estilizado.
Deixando a província de Lugo e ingressando na província de A Coruña.
Aqui, por incrível que pareça, estava comemorando a chegada da chuva... verdade! finalmente daria emprego pelo segunda vez ao meu poncho! hehehehehe 
No povoado de Leboreiro, a sinalização que mais encontramos durante todo o caminho: a seta amarela... e esta, feita de conchas!
Chuva fina continuava...


...e cada peregrino se virava como podia, até com um objeto pouco comum no caminho! 



Ponte romana de 4 arcos na entrada do povoado de Furelos, sob o rio que leva o mesmo nome.
Chegando em Melide, a qual possui boa estrutura para peregrinos. Muito famosa por possuir excelentes pulperías, restaurantes em que a especialidade é o polvo cozido com páprica (pulpo galego). 
No dia anterior, ainda quando estávamos no albergue de Palas de Rei, o hospitaleiro tinha indicado a Pulpería A Garnacha. Fez até um bilhete de próprio punho recomendando o grupo de brasileiros que tinham pernoitado lá naquele dia.
Logo na entrada da pulperia via-se seu proprietário, o Ernesto, ferventando e preparando o delicioso polvo... muito solícito, a cada brasileiro que passava ele sinalizava que tinham mais brasileiros no interior do estabelecimento. Aqui a foto clássica...
Ai já viram o resultado né? contabilizamos dezessete brasileiros juntos, imaginem a festa!
Aqui estava contando sobre mais um fato "inédito": o esquecimento do cajado do Alexandre(BH) pela sexta vez... hehehehe
Este foi o único dia em todo meu caminho que parei para "almoçar" sem antes concluir a etapa no local de pernoite. Mas foi uma merecida e desejada parada!

Na saída da pulperia ia passando um peregrino chinês, de pouca conversa... chamamos para tirar uma foto mas ele não deu importância... talvez não tenha entendido nossa língua... 
Foi então que o Marcelão(RJ) não se conteve e o abordou falando o seguinte: 可以拍攝照片和我在一起. E não é que o rapaz deixou ser fotografado? Depois diziam que o baiano aqui que era o folgado! hehehehe
Ainda na frente da pulperia, terminando o vinho, não tive trabalho nenhum para convencer esta peregrina para tirar foto comigo. Se lembram dela? isso mesmo, a senhora finlandesa que há 15 dias atrás em Hornillos Del Camino, ajudei-a fazendo um curativo nas bolhas que tanto a incomodavam... só fui revê-la aqui! foi uma alegria só! o caminho tem destas coisas, encontros e desencontros são muito constantes! 
Os brasileiros foram saindo em pequenos grupos ou individualmente... optei em sair na companhia do Marcelão(RJ), do Almir (DF) e do Arilton(SC).
Muito interessante este momento, pois fomos cantando músicas as mais variadas possíveis... momento maravilhoso de descontração e de forte lembrança do Brasil!
Faltavam aproximadamente 50 Km para Santiago, chegando...
A etapa teve muito destas paisagens com bosques.
Na localidade de Castañeda, parei num bar/restaurante  e não perdi tempo: cliquei novamente minha amiga finlandesa que estava de saída!

Passei por Ribadiso de Baixo, onde se encontra um ótimo albergue, que leva o nome da localidade e que antigamente serviu de hospital de peregrinos, à margem do Rio Iso.

Não demorou muito, apareceu um pequeno trecho de asfalto, anunciando a chegada em Arzúa, ponto final desta etapa.
Cidade relativamente desenvolvida, com ótima estrutura para os peregrinos.
Famosa pela qualidade dos queijos que produz, o mais típico é o chamado queso arzúa ulloa. Anualmente, no mês de março, ocorre o Festival do Queijo.
Instalei-me no Albergue Santiago Apostol, situado logo na rua principal, bem na chegada. Possui 4 andares, com a capacidade para 84 peregrinos. Bem completo, ao custo de 10 euros. Fato: neste final de caminho só peguei albergues com preços bem superiores aos das etapas iniciais.