domingo, 25 de novembro de 2012

Logroño a Nájera (30,7 Km)

Etapa 8 (06/05/12): acostumando com a papete
Às 06:10h já estava pronto, o dia ainda estava escuro, com temperatura aproximada de 10 graus. Tratei de colocar o agasalho(anorak) para me proteger contra o vento e, após um bom alongamento o frio passou rapidinho.
Estátua dos peregrinos na saída de Logroño

Diariamente, o nascer do sol era um espetáculo a parte... bom demais vê-lo nascendo e aparecendo vagarosamente...

Abaixo a foto de um andarilho que por diversas vezes encontrei no caminho. Sempre acompanhado do seu cão, observava o carinho que tinha com o "companheiro" de jornada e ficava difícil imaginar quem estava mais cansado(rsrsrsrs). Não se instalava em albergues, armava sua barraca nas entradas e/ou saídas das cidades. Com medo do cão, acabei tremendo a foto! 
Ao sair de Logroño, após 4 Km do centro, passamos pelo Parque La Grajera, local em que os habitantes, nos finais de semana, desfrutam da tranquilidade e silêncio do local, com muitas árvores e sombras, para  promoverem encontros, piqueniques e churrascos, aproveitando das churrasqueiras existentes, além da prática da pesca na lagoa do parque.




Próximo a Navarrete estão localizadas as ruínas do antigo Hospital de Peregrinos San Juan de Ocre, nome este em homenagem ao cavaleiro da Ordem de Malta, contruído em 1185 e demolido no século passado.




Já em Navarrete, cidade com cerca de 3.500 habitantes, típica por possuir no passado várias fábricas de cerâmica (alfarerias), paramos para o trivial alongamento e merenda. Nesta parada, conheci um casal de arquitetos portugueses, muito simpáticos, o Carlos e a Margarida, que já tinham feito o Caminho Português.
Eu, Carlos, Margarida e Carol
Esquentando as mãos com o chocolate quente
Foto tirada junto à estátua do Alforero, que quer dizer: pessoa que molda o barro para fazer diversos objetos. Ofício muito comum na cidade.


Estátua em homenagem à Mujer Navarretana
Na saída de Navarrete, encontra-se o cemitério, sendo que para a sua entrada foi  transportado o portal românico (Sec XII) do Hospital de Peregrinos de San Juan de Acre.

Interessante este peregrino, caminhando sozinho com mais um par de botas nas mãos... de outra pessoa? promessa? precaução? não sei, mas são coisas do caminho...



Sol muito quente, desejava um ponto de apoio para descansar os pés e musculatura, verificar as bolhas para ver se estava tudo bem, além de beber algum líquido bem gelado, pois a água do cantil já estava quente. Eis que avisto mais um lugarejo, desta vez Ventosa, bem pequenino, não chegando a mais de 300 habitantes.





Após Ventosa, as muitas plantações de uvas sinalizavam existência de vinícolas, numa região chamada de Alto de San Antón...
 
 




Refúgio em forma de ermita (Margarida fazenda pose)


Peregrinos aproveitando o riacho

Área de descanso de Nájera
Próximo a Nájera, cerca de 2 Km, num muro de uma antiga casa de farinha, não pude deixar de fotografar um poema atribuído ao Padre Eugenio Garibay Baños, poema este que por si só cativa qualquer peregrino. Vejam a tradução após cada foto:

"Poeira, lama, sol e chuva. 
É o Caminho de Santiago. 
Milhares de peregrinos, 
e mais de mil anos. 
Peregrino, Quem te chama? 
Que força oculta te atrai? 
Nem o Campo das Estrelas, 
nem as grandes catedrais. 
Não é a coragem de Navarra, 
nem o vinho Rioja, 
nem os mariscos da Galiza, 
nem os campos de Castela."
"Peregrino, quem te chama? 
Que força oculta te atrai?
nem o povo do Caminho,
nem os costumes rurais. 
Não é história e cultura. 
Nem o galo de La Calzada,
nem o Palácio de Gaudi,
nem o Castelo de Ponferrada."

"Tudo o que vejo de passagem,
é uma alegria ver tudo,
mas a voz que me chama,
eu sinto muito mais profundo.
A força que me empurra,
a força que me atrai,
não pode ser explicado,
Só Ele lá de cima sabe!"


Nájera é uma cidade muito bonita e agradável, com aproximadamente 9.000 habitantes, cortada pelo Rio Nejerilla, o qual separa a parte nova do casco antiguo. Cheguei num domingo e as tiendas estavam todas fechadas, ainda bem que alguns poucos restaurantes continuavam abertos.






Fiquei no Albergue Puerta de Nájera, privado e pequeno, com poucos leitos, fui o último a entrar. Alguns peregrinos tinham feito reserva na noite anterior e, quando cheguei, ocupei o último leito vago. Foi o albergue mais caro que paguei, desembolsando 12 euros para uma habitação com somente 2 beliches. Mas até que valeu a pena, pois as instalações estavam novas, foi inaugurado a dois meses atrás e era completíssimo.
www.alberguedenajera.com, tel 941362317 C/ Ribera del Najerilla
Recepção ainda com muita fila
 
Num click abaixo com o Amarildo, brasileiro de  Natal(RN), figura ímpar que conheci logo na descida dos Pirineus (2ª etapa), estava fazendo o caminho por uma promessa. Dotado de uma enorme fé em Deus, simplicidade, e, sobretudo, força de vontade em terminar o caminho, o fez com muita alegria, apesar de ter sido acometido de alguns problemas de saúde.
Grande morro rochoso com inúmeras fendas
Entrada do Monastério de Santa Maria la Real

Jantamos no Meson El Buen Yantar (Calle de Mártires, 19), mesa para 9 pessoas: Eu, Alexandre(BH), Alexandre e Priscila (RJ), Ricardo e Jô(PR), Grover(Holanda), outro holandês e um francês. O menu do peregrino, a 9 euros, saiu nesta ordem: espaguete, salmão e pudim. Acompanhados de vinho ou água.

Famintos esperando o menu do peregrino


Carboidrato para repor energia

Esta etapa foi muito fácil, apesar da distância percorrida (30,7 Km), mas com poucas subidas e descidas. Qua falta me fizeram as botas... as bolhas da queimadura ainda incomodavam, não dando para usá-las... Andar de papete é bom pela leveza, mas por outro lado não fornece segurança na pisada, além do mais tinha que parar várias vezes para retirar as pedrinhas que entravam entre a sola e a meia.