terça-feira, 24 de julho de 2012

Chegando em Saint Jean Pied de Port (SJPP)


Sai de Salvador na noite do dia 26/04/12, num vôo trânquilo da TAP, com conexão em Lisboa, local em que fiz a imigração, sem nenhum tipo de problema ou maiores questionamentos, contou muito já ir com toda indumentária peregrina, ou seja, bota, calça, camisa com seta, boné peregrino, mochila, credencial, entre outros; pelo contrário, o rapaz fez o seguinte comentário: "Bom caminho!".
No aeroporto de Salvador, com a certeza do embarque nas mãos

Por falar em mochila, da qual não me separei momento algum, foi pesando, após várias repesagens e descarte de coisas, exatos 7.2 Kg. Despachei somente o bastão, tesourinha e canivete, os quais, já no aeroporto de Barajas (Madrid), passados mais de 50 minutos não chegaram nem na esteira de bagagem, desisti dos mesmos e do aeroporto mesmo peguei um metrô para a Decatlhon Rivas, trata-se de uma mega-loja de artigos esportivos, um pouco distante do centro de Madrid, mas valeu a pena, resultado: tive de comprar outro bastão, mas não encontrei a papete que queria (esta papete tem história, mais adiante contarei).
Decathlon Rivas (Parque Comercial Rivas Futura,  Metro Linha 9)

Pernoitei no Hotel Mediodia, fica juntinho do Museo Reina Sofia e em frente à Estação Atocha Renfe, pois às 07:35 hs do dia seguinte pegaria um trem nesta estação; já sai de Salvador com a passagem comprada via internet, somente o trajeto Madrid/Pamplona. Trem limpo, confortável, bagageiros amplos, boa lanchonete. Foi uma viagem tranquila, sem atraso, com duração de 3 horas, e com paisagens lindíssimas.
Estação Puerta de Atocha / Renfe (Plaza del Emperador Carlos V, 28012 Madrid)
Uma panorâmica dos trens pela manhã antes da saída 

Durante a viagem comecei a escrever o diário, e fui pensando muito, mas muito mesmo, na família, nos amigos e pessoas que me ajudaram a estar ali naquele momento, prestes a realizar um grande sonho! 

De Pamplona a Saint Jean Pied de Port (SJPP), 75 Km de asfalto, a maioria dos peregrinos decide pegar um taxi, o qual custa geralmente o valor de 105 euros em média, e todos nós sabemos que é normalmente fácil encontrar peregrinos nos trens e/ou estação... isto é... normalmente... quando desembarquei na estação da Renfe, não tinha um pé de peregrino ou sombra de algum no trem ou na estação, 
somente eu de peregrino!!!
Fachada da Estação da Renfe (Adif) em Pamplona
Como tinha conhecido pela internet um casal do Rio de Janeiro, o Alex e a Priscila, que iriam neste mesmo dia fazer o translado até SJPP, eles tinham me dado a dica sobre uma empresa, a Expressbouricot, que fazia transporte de bagagens e de pessoas, e tinham reservado um lugar para mim. Só precisei pegar um ônibus (linha 9) em frente à Estação da Renfe com destino à Estacion de Autobuses, apenas 15 minutos de trajeto; os encontrei logo no acesso à estação, fizemos um rápido lanche, e às 12:30 Hs, já estava lá uma van, pilotada pela gentil Sra Caroline, que nos conduziu à SJPP; caiu uma chuva bem fininha durante toda a viagem, que durou cerca de 1:30 hs, numa estrada bastante sinuosa.
Van da agência de translados (http://www.expressbourricot.com)

No trajeto, ainda paramos rapidamente em Roncesvales e aproveitamos para tirar uma foto, pois não saberia como estaria o dia posterior para fotos; dito e feito, no dia posterior estava chuvendo muito e ainda escuro, motivo pelo qual não saiu bem a foto, com meu inglês apuradíssimo(quisera... rsrsrs) pedi a um americano que estava passando: "picture please", ele malmente soube enquadrar-me na foto... restou esta, ainda sem mochila.
Em Roncesvalles, a caminho de SJPP, com a famosa placa 790 Km ao fundo
Chegando em SJPP, ainda com chuvinha fina e temperatura de 12º C, fui direto à Oficina de Peregrinos (Rua La Citadelle, 39), sendo recebido por um senhor francês bastante atencioso, mas só falava em francês e se arrastava no inglês, com um dicionário de espanhol sob a mesa. Após muitas mímicas e com a ajuda do Alex(RJ), o senhor apôs o primeiro carimbo na minha credencial, forneceu explicações sobre a etapa do dia posterior SJPP/Roncesvales, ou seja, a travessia propriamente dita dos Pirineus, bem como o bilhete de acesso ao Albergue Municipal (Rua La Citadelle, 56), o qual estava com instalações sofríveis, mas tudo era alegria, bastante ansiedade e vontade de conhecer logo SJPP naquele momento.
Na Oficina de Peregrinos o primeiro carimbo na credencial

Após um demorado banho bem quente quase fervendo, sai para conhecer SJPP, esta cidadezinha francesa é simplesmente muito linda, simpática, acolhedora, enfim, foi uma sensação única, das inúmeras que passei no caminho; aconselho ficar em SJPP pelo menos um dia inteiro e curti-la bastante. Muitas lojas de souvenirs, de equipamentos e roupas para o caminho. Tirei muitas fotos e não esqueci de comprar frutas para meu primeiro dia de caminhada.